Diante do temor

Conhecer o pior dos medos se torna impossível quando não se sabe quais são os verdadeiros. Como agir perante algo que não se pode palpar e, muito menos conter? Ele vem e vai, muitas vezes rapidamente, e como a tempestade, destrói.
O medo limita, enfraquece, alerta. Não se vê, mas é possível senti-lo toda vez que alguém ou algo se aproxima, trazendo a incerteza, a dúvida. O sutil estranho que te apresenta o belo com uma das mãos, guardando na outra o punhal da dor.
Infelizes, ou felizes os que sentem medo, tanto do bem, quanto do mal, até estarem indefinidos e atravancados no mesmo coração hostil ou iludido.
Hostil por ser temeroso, iludido por confiar cegamente. Eis que surge um impasse, nunca resolvido, mas frequentemente encontrado. Qual caminho seguir quando o que buscamos não se trata de uma ciência exata e calculável? É sábio deixar a vida seguir seu curso, ninguém é totalmente dono de seu próprio destino.
Desta vez, finalizo com a terceira, das Quatro Verdades Nobres de antigos textos budistas:
"Em todas as ações, que eu examine minha mente
E assim que surjam desilusões
Ameaçando a mim e aos outros
Que eu as enfrente e evite com firmeza"

Amado...

Já não pode mais pescar e jogar cartas.
Não podia ver e nem ouvir como antes.
Mas a bondade e a paz em seu coração foi a mesma,
Do princípio ao fim. Por 90 anos.
E continuará no plano espiritual, que agora se encontra.
Já não o acompanho em seus trabalhos.
Não sinto sua mão aquecida na minha, desejando uma boa semana.
Mas o amor, este nunca o sentirei gélido,
Permanecerá nesta vida, nas outras e para a eternidade.
Assim como a saudade e as belas lembranças, em meu coração

Falso inócuo

Soberano em seu trono: o descaso.
Anônimos unidos por um adjetivo comum,
idolatrando seu rei e iludindo aos escravos.
O breu dos corações aflitos e descrentes
como um manto que cerca os ausentes
de dor, de vida, de paz.
No coração um feixe de luz ameaça surgir
e mais uma vez o soberano intervém,
a esperança corroída pela lápide de gelo.
Mais uma suposta verdade nas mãos do descaso
Implacável.
Quem se importa com as lágrimas?
Desde que estejam no rosto alheio, ninguém!

Cego de si

Não pense e nem julgue pela cabeça alheia, preze a personalidade que te faz único. A maior e pior cegueira é não ver a si próprio, ser guiado por caminhos obscuros à natural essência que nos faz ricos e grandes perante a um Ser Supremo. A grandiosidade da vida está na verdade, que só é encontrada quando existe sintonia entre o corpo e a alma.
Muito do todo gira em torno dos mesmos conceitos, parafraseados com mentiras que parecem extremamente pequenas para quem as diz, porém, ingenuamente grandes para aqueles que as ouvem.
Nem sempre uma pessoa, ou algo, vale a mudança. O que vale é aprender com os erros e estar certo de si e da conduta a seguir, muitas dúvidas surgem no caminho, mas elas também fazem crescer.
O poder que existe em cada um transcende os limites do entendimento, mas vive harmoniosamente o ser capaz de assumir sua atual condição neste mundo e a missão que tem nesta vida.

O revés da despedida

O olhar para trás após a despedida é definido como o ato que duplica a dor.
A cada segundo mais distante, e mais perto de onde sempre esteve.
Diz-se que o vazio não ocupa espaço... Hoje ele domina, flutua e pesa. Impera em um reino que ontem foi perfeito e agora se faz vazio, incerto.
Comum. Olhos nas costas alheias, marejados encobrindo a inconformação.
As despedidas, estas sempre existirão, o que muda é a forma e a intensidade.
Incomum. Não perceber que ocorreria, viver pensando que a presença seria contínua. Mas não...
São dias que mudam, noites que afastam, vento que leva, memória que recorda.
Há encontros e despedidas marcados para acontecer, sem atrasos nem antecipação. O que resta é esperar, aceitar, duvidar ou outro verbo qualquer que se adeque ao simples fato de sentir a falta de alguém.

Sobre o que se diz.

Sonhos são apenas sonhos porque pessoas são apenas pessoas.
Sonhos seriam mais reais se pessoas tivessem em si um pouco mais de anjos.
Deprime ver e não tocar, mas só a existência basta.
O mundo seria mais mundo se fosse menos mundo. (Contraditório? Mas o que é coerente?)
Mundo de hoje, de agora... Todo errado, todo belo.
Infestado de ódio, carregado de amor.
Sonhos são como espadas cravadas e arrancadas do peito. É apenas corpo, a alma resiste e volta na busca do intocável.
O coração sofre por não ter o que quer, a alma preza um destino: seguir o que lhe é conferido e não negar um pouco de anjo, de mundo, de sonho.
Ao longe, bem longe, a luz reflete o arco-íris e, depois dele, os sonhos ainda são sonhos, porém podem ser tocados e é somente neste lugar que o amor é amor em sua mais sublime forma. Por que não é amor o que se diz do amor se não houver sonhos.

Espírito em paz

Na contemplação da beleza do mundo.
No rir do que é para rir.
No importar-se apenas com o que é relevante.
Eis a paz de espírito.
Não espere encontrá-la em alguém.
Busque-a em você.
Cerque-se de boas energias...
Para só assim emanar o bem.