De mim para você!

Julguei não ser para mim, não saber.
Subestimei minha capacidade de confiar, amar, compreender.
Tornei cada rosto impossível. Me indispus.
Afastei um por um, por medo, impaciência, desamor.
Mas, somente em teus olhos vi a cor, a luz
O sentimento vivo em mim, para você.
Com você e para sempre.
Amar, amar, amar: eu sei contigo
Ao seu lado e dentro de mim.
No tempo certo, como uma flor, que esconde suas pétalas
Até o espetáculo divino do desabrochar. 
Em meu coração, de você para mim!
Na troca do sentir, no despertar do amor.
Sempre aonde for, meus olhos em sua alma
harmoniosamente, e com o mais puro carinho
Lhe amo!

Névoa

A névoa escura diante dos olhos
Formada em função de tudo:
Do mundo, das pessoas, das atitudes
Conturba a beleza das cores.
Empalidece a vida,
Traz a dor.
Mas de que adianta a mágoa
Diante do que não se pode mudar?
Que cessem as lágrimas!
Pare de chorar,
O mundo continuará a rodar
E você a chorar...
Apenas, nunca deixe de pensar
E sonhar...
E amar...
Alguém, um dia irá olhar
E te decifrar.
Basta esperar, ou enlouquecer
Cabe a você escolher,
Deixar a névoa se recolher
Ou te empalidecer
Não, ela não irá morrer,
Ela quer te convencer
E vencer,
E poder,
Mas tudo está dentro de você
Basta querer.

A verdade da liberdade

Alguma vez na vida a roupa que vestes te impôs algo? Então, por que ages basicamente em prol da satisfação apenas das vontades de teu corpo? Hoje a juventude se diz livre, com personalidade, segura do que quer, porém, ela apenas mudou os fatores aos quais está presa, o que muitos julgam ser liberdade, são as novas correntes que os detém. Presos a conveniências, rótulos, modernidades, opiniões. Totalmente ao contrário do que pregam, muitos jovens não tem personalidade nenhuma, são os legítimos, usando uma expressão popular, 'maria-vai-com-as-outras' e não admitem ideias diferentes das quais estão acostumados a seguir, afirmando ser o 'mundo de hoje'. O 'mundo de hoje'  não é assim: não é preciso estar em todas as festas, usar drogas lícitas e ilícitas para ser aceito na sociedade, envolver-se totalmente com alguém sem saber ao certo o nome desta pessoa, jurar amor - sentimento tão grandioso - para conseguir o que quer, e depois de um tempo, aliás, de muito pouco tempo, nem mesmo olhar para a pessoa 'amada'. Não, é o que digo para essas conveniências banais e medíocres, apoiadas em bases tão fracas e superficiais. Eu digo sim para minha alma, ouço sua voz, ela sabe o melhor de mim e para mim. É desta liberdade e força de expressão que o mundo precisa.
O que falta para que a mudança ocorra? Abrir os olhos, a mente, o coração? Sim, mas também é necessário dar o primeiro passo, dizer o primeiro não. Eu não quero, eu tenho meus princípios, e não importa o que digam, eu os seguirei, e não são apenas palavras, é o que coloco em prática todos os dias, independente do que for e com quem for, pois não vou deixar de ser eu, para agradar ao outro, que vive uma vida toda sem saber o que é ser livre!

Ao meu lar: a escrita.

Serei eu capaz de escrever sobre o escrever? Não sei! Porém me sinto digna de relatar meu amor pela escrita. As palavras são fonte de estímulo, mais do que compreensivas, fiéis, as amigas mais verdadeiras.
A qualquer momento, basta unir as letras, deixar fluir os pensamentos e eis que surgem as magnânimas palavras. Escrever é algo que transcende o fator cultural e educacional, é uma espécie de purificação, um divã disposto a te receber, sem questionamentos, imposições ou condenações.
Na escrita o mundo é meu! As escolhas são minhas, quem morre...quem vive. Eu me encontro no encontro das letras, me conheço no encontro das palavras e reflito no encontro da minha mente com a leitura.
Me perco entre vocábulos, verbos, adjetivos, advérbios...Uma perdição tamanha e arrebatadora que não me permite volta, minha alma partiu com o sibilar das letras, elas me chamam, não posso resistir.
Para minhas frases, frutos de uma mente as vezes confusa e melancólica, eu não sou estranha, elas apenas me abraçam forte, e me carregam no colo, dizendo baixinho: - Está tudo bem, não chore. E eu sei que está, elas estão comigo!
Se pessoas fossem como palavras, o mundo seria justo, puro e mágico, pois mesmo as palavras mais duras se mostram apenas como são, sem máscaras e contradições.
Ao verbo que maldiz, mostro o adjetivo que ama.
Ao substantivo que chora, dou o advérbio do tempo.
À interjeição da dor, dou a exclamação do sorriso.
À você, caro amigo, apresento tudo, apresento as palavras.
Escrever é mais que uma arte, é um rumor de vida, que cresce e se transforma em um grito de liberdade e expressão. É mórbido, mas as lágrimas me inspiram, uma gota, tanto interna como externa, rende uma palavra, mas isso não é algo desagradável, pelo contrário, é o alento que não encontro tão facilmente, e que procuro nas linhas da vida, é o esconderijo dos meus sentimentos, é onde sou inatingível, onde ninguém é capaz de me machucar, é onde estou só, porém muito bem acompanhada.
A alegria verdadeira está dentro de nós.
Essa sim é real e cabe a cada um encontrá-la em si mesmo!

Olhar Interior

Por vezes já me 'acusaram' de não aproveitar a vida. Aos meus olhos, as pessoas tem um conceito distorcido desta questão. No começo, confesso, que isso me incomodava um pouco. Hoje, tenho a plena certeza que sou feliz desta forma. Continua sendo difícil encontrar quem me entenda, a diferença é que agora, não preciso ser compreendida, só preciso me compreender e estar em sintonia com o que é divino.
Não posso deixar de citar uma frase da personagem do livro que atualmente estou lendo - Pelas Portas do Coração de Zibia Gasparetto:
"Não me lastime. O que chama de minha ingenuidade pode ser apenas sua incapacidade de me ver."
Vemos muito pouco além dos nossos próprios olhos, esquecemos que aproveitar a vida é senti-la como uma dádiva de Deus. Não cabe a mim julgar comportamentos atuais, porém muitos deles não condizem com a minha essência e princípios. Cada um vive e vê a vida da forma que precisa, condizente com o momento e com as experiências adquiridas, e tudo, absolutamente tudo, faz parte de um longo processo de aprendizagem.
Por isso mesmo que esta citação se adequa a mim, não me julgue ingênua por ser diferente, apenas pense que na minha existência o foco é outro, e meus pensamentos estão voltados basicamente para a introspecção, reflexão e valorização do que é envolto pela simplicidade e pureza.

Redoma

No centro, ao léu
Exibindo um troféu
De solidão.
Nada de doces tristezas
E fatídicas alegrias.
Dias sem luz,
Noite de escuridão.
Somente a alma e a mente vestem o manto da liberdade.
Padeça no esquecimento humano
Totalmente frágil e hostil,
Intocável e inabalável
Uma rocha firme e fria.
A sensatez de estar só
Por ser indiferente a multidão.
Sinta-se só.
Obrigada!

Diante do temor

Conhecer o pior dos medos se torna impossível quando não se sabe quais são os verdadeiros. Como agir perante algo que não se pode palpar e, muito menos conter? Ele vem e vai, muitas vezes rapidamente, e como a tempestade, destrói.
O medo limita, enfraquece, alerta. Não se vê, mas é possível senti-lo toda vez que alguém ou algo se aproxima, trazendo a incerteza, a dúvida. O sutil estranho que te apresenta o belo com uma das mãos, guardando na outra o punhal da dor.
Infelizes, ou felizes os que sentem medo, tanto do bem, quanto do mal, até estarem indefinidos e atravancados no mesmo coração hostil ou iludido.
Hostil por ser temeroso, iludido por confiar cegamente. Eis que surge um impasse, nunca resolvido, mas frequentemente encontrado. Qual caminho seguir quando o que buscamos não se trata de uma ciência exata e calculável? É sábio deixar a vida seguir seu curso, ninguém é totalmente dono de seu próprio destino.
Desta vez, finalizo com a terceira, das Quatro Verdades Nobres de antigos textos budistas:
"Em todas as ações, que eu examine minha mente
E assim que surjam desilusões
Ameaçando a mim e aos outros
Que eu as enfrente e evite com firmeza"

Amado...

Já não pode mais pescar e jogar cartas.
Não podia ver e nem ouvir como antes.
Mas a bondade e a paz em seu coração foi a mesma,
Do princípio ao fim. Por 90 anos.
E continuará no plano espiritual, que agora se encontra.
Já não o acompanho em seus trabalhos.
Não sinto sua mão aquecida na minha, desejando uma boa semana.
Mas o amor, este nunca o sentirei gélido,
Permanecerá nesta vida, nas outras e para a eternidade.
Assim como a saudade e as belas lembranças, em meu coração

Falso inócuo

Soberano em seu trono: o descaso.
Anônimos unidos por um adjetivo comum,
idolatrando seu rei e iludindo aos escravos.
O breu dos corações aflitos e descrentes
como um manto que cerca os ausentes
de dor, de vida, de paz.
No coração um feixe de luz ameaça surgir
e mais uma vez o soberano intervém,
a esperança corroída pela lápide de gelo.
Mais uma suposta verdade nas mãos do descaso
Implacável.
Quem se importa com as lágrimas?
Desde que estejam no rosto alheio, ninguém!

Cego de si

Não pense e nem julgue pela cabeça alheia, preze a personalidade que te faz único. A maior e pior cegueira é não ver a si próprio, ser guiado por caminhos obscuros à natural essência que nos faz ricos e grandes perante a um Ser Supremo. A grandiosidade da vida está na verdade, que só é encontrada quando existe sintonia entre o corpo e a alma.
Muito do todo gira em torno dos mesmos conceitos, parafraseados com mentiras que parecem extremamente pequenas para quem as diz, porém, ingenuamente grandes para aqueles que as ouvem.
Nem sempre uma pessoa, ou algo, vale a mudança. O que vale é aprender com os erros e estar certo de si e da conduta a seguir, muitas dúvidas surgem no caminho, mas elas também fazem crescer.
O poder que existe em cada um transcende os limites do entendimento, mas vive harmoniosamente o ser capaz de assumir sua atual condição neste mundo e a missão que tem nesta vida.

O revés da despedida

O olhar para trás após a despedida é definido como o ato que duplica a dor.
A cada segundo mais distante, e mais perto de onde sempre esteve.
Diz-se que o vazio não ocupa espaço... Hoje ele domina, flutua e pesa. Impera em um reino que ontem foi perfeito e agora se faz vazio, incerto.
Comum. Olhos nas costas alheias, marejados encobrindo a inconformação.
As despedidas, estas sempre existirão, o que muda é a forma e a intensidade.
Incomum. Não perceber que ocorreria, viver pensando que a presença seria contínua. Mas não...
São dias que mudam, noites que afastam, vento que leva, memória que recorda.
Há encontros e despedidas marcados para acontecer, sem atrasos nem antecipação. O que resta é esperar, aceitar, duvidar ou outro verbo qualquer que se adeque ao simples fato de sentir a falta de alguém.