Degradê



 " Que eu mantenha meu equilíbrio, mesmo sabendo que muitas coisas que vejo no mundo escurecem meus olhos". (Chico Xavier)

Muito antes de tomar conhecimento desta citação de Chico Xavier, escrevi algumas palavras sobre como me sentia com relação a isto na postagem Névoa.
Nada mudou de lá para cá, pelo contrário, tudo foi reforçado. Porém, nos deixamos abater por névoas, escuridão, tristezas, decepções e tudo isso acaba nos impedindo de ver a vida.
Nada, absolutamente nada, é perfeito na condição humana e devemos nos acostumar com as consequências desta situação e, como bem coloca Chico Xavier, manter o equilíbrio.
Há tanta beleza para ser exaltada que é preciso esquecer um pouco do que nos aflige, do que é obscuro e insensato. Não é fechar os olhos em um sono profundo, e sim, apenas descansar, e após abri-los, tentar ver por outro ângulo, com novos prismas.
É o equilíbrio, o meio termo. Nem branco, nem negro: cinza!

Desvanecendo com as nuvens

Pela manhã vejo algumas nuvens a passear pelo céu, meu olhar está triste, mas as acompanha. Pensamentos, mágoas, ideias desviam meu foco e esqueço das nuvens.
Minha mente deveria estar em outro local, em uma esfera racional e lógica, mas ela se perde. E, as nuvens também. Quando lembro de observá-las novamente, eis que não as vejo mais, para onde foram? É intrigante, elas desaparecem no infinito.
"- Me levem com vocês para este lugar mágico, eu necessito da paz de espírito que encontro quando me volto para vocês."
Como será o refúgio das nuvens? Límpido, iluminado, pacífico e melódico.
Me transporto até lá no intuito de proteger minha alma e afastar as dores que a assolam.
Ser humano indigno de algo tão celestial, permaneça em seu mundo, aceite-o, mesmo sendo tão errado. São sonhos, apenas sonhos e nada mais!

De mim para você!

Julguei não ser para mim, não saber.
Subestimei minha capacidade de confiar, amar, compreender.
Tornei cada rosto impossível. Me indispus.
Afastei um por um, por medo, impaciência, desamor.
Mas, somente em teus olhos vi a cor, a luz
O sentimento vivo em mim, para você.
Com você e para sempre.
Amar, amar, amar: eu sei contigo
Ao seu lado e dentro de mim.
No tempo certo, como uma flor, que esconde suas pétalas
Até o espetáculo divino do desabrochar. 
Em meu coração, de você para mim!
Na troca do sentir, no despertar do amor.
Sempre aonde for, meus olhos em sua alma
harmoniosamente, e com o mais puro carinho
Lhe amo!

Névoa

A névoa escura diante dos olhos
Formada em função de tudo:
Do mundo, das pessoas, das atitudes
Conturba a beleza das cores.
Empalidece a vida,
Traz a dor.
Mas de que adianta a mágoa
Diante do que não se pode mudar?
Que cessem as lágrimas!
Pare de chorar,
O mundo continuará a rodar
E você a chorar...
Apenas, nunca deixe de pensar
E sonhar...
E amar...
Alguém, um dia irá olhar
E te decifrar.
Basta esperar, ou enlouquecer
Cabe a você escolher,
Deixar a névoa se recolher
Ou te empalidecer
Não, ela não irá morrer,
Ela quer te convencer
E vencer,
E poder,
Mas tudo está dentro de você
Basta querer.

A verdade da liberdade

Alguma vez na vida a roupa que vestes te impôs algo? Então, por que ages basicamente em prol da satisfação apenas das vontades de teu corpo? Hoje a juventude se diz livre, com personalidade, segura do que quer, porém, ela apenas mudou os fatores aos quais está presa, o que muitos julgam ser liberdade, são as novas correntes que os detém. Presos a conveniências, rótulos, modernidades, opiniões. Totalmente ao contrário do que pregam, muitos jovens não tem personalidade nenhuma, são os legítimos, usando uma expressão popular, 'maria-vai-com-as-outras' e não admitem ideias diferentes das quais estão acostumados a seguir, afirmando ser o 'mundo de hoje'. O 'mundo de hoje'  não é assim: não é preciso estar em todas as festas, usar drogas lícitas e ilícitas para ser aceito na sociedade, envolver-se totalmente com alguém sem saber ao certo o nome desta pessoa, jurar amor - sentimento tão grandioso - para conseguir o que quer, e depois de um tempo, aliás, de muito pouco tempo, nem mesmo olhar para a pessoa 'amada'. Não, é o que digo para essas conveniências banais e medíocres, apoiadas em bases tão fracas e superficiais. Eu digo sim para minha alma, ouço sua voz, ela sabe o melhor de mim e para mim. É desta liberdade e força de expressão que o mundo precisa.
O que falta para que a mudança ocorra? Abrir os olhos, a mente, o coração? Sim, mas também é necessário dar o primeiro passo, dizer o primeiro não. Eu não quero, eu tenho meus princípios, e não importa o que digam, eu os seguirei, e não são apenas palavras, é o que coloco em prática todos os dias, independente do que for e com quem for, pois não vou deixar de ser eu, para agradar ao outro, que vive uma vida toda sem saber o que é ser livre!

Ao meu lar: a escrita.

Serei eu capaz de escrever sobre o escrever? Não sei! Porém me sinto digna de relatar meu amor pela escrita. As palavras são fonte de estímulo, mais do que compreensivas, fiéis, as amigas mais verdadeiras.
A qualquer momento, basta unir as letras, deixar fluir os pensamentos e eis que surgem as magnânimas palavras. Escrever é algo que transcende o fator cultural e educacional, é uma espécie de purificação, um divã disposto a te receber, sem questionamentos, imposições ou condenações.
Na escrita o mundo é meu! As escolhas são minhas, quem morre...quem vive. Eu me encontro no encontro das letras, me conheço no encontro das palavras e reflito no encontro da minha mente com a leitura.
Me perco entre vocábulos, verbos, adjetivos, advérbios...Uma perdição tamanha e arrebatadora que não me permite volta, minha alma partiu com o sibilar das letras, elas me chamam, não posso resistir.
Para minhas frases, frutos de uma mente as vezes confusa e melancólica, eu não sou estranha, elas apenas me abraçam forte, e me carregam no colo, dizendo baixinho: - Está tudo bem, não chore. E eu sei que está, elas estão comigo!
Se pessoas fossem como palavras, o mundo seria justo, puro e mágico, pois mesmo as palavras mais duras se mostram apenas como são, sem máscaras e contradições.
Ao verbo que maldiz, mostro o adjetivo que ama.
Ao substantivo que chora, dou o advérbio do tempo.
À interjeição da dor, dou a exclamação do sorriso.
À você, caro amigo, apresento tudo, apresento as palavras.
Escrever é mais que uma arte, é um rumor de vida, que cresce e se transforma em um grito de liberdade e expressão. É mórbido, mas as lágrimas me inspiram, uma gota, tanto interna como externa, rende uma palavra, mas isso não é algo desagradável, pelo contrário, é o alento que não encontro tão facilmente, e que procuro nas linhas da vida, é o esconderijo dos meus sentimentos, é onde sou inatingível, onde ninguém é capaz de me machucar, é onde estou só, porém muito bem acompanhada.
A alegria verdadeira está dentro de nós.
Essa sim é real e cabe a cada um encontrá-la em si mesmo!