Olhar Interior

Por vezes já me 'acusaram' de não aproveitar a vida. Aos meus olhos, as pessoas tem um conceito distorcido desta questão. No começo, confesso, que isso me incomodava um pouco. Hoje, tenho a plena certeza que sou feliz desta forma. Continua sendo difícil encontrar quem me entenda, a diferença é que agora, não preciso ser compreendida, só preciso me compreender e estar em sintonia com o que é divino.
Não posso deixar de citar uma frase da personagem do livro que atualmente estou lendo - Pelas Portas do Coração de Zibia Gasparetto:
"Não me lastime. O que chama de minha ingenuidade pode ser apenas sua incapacidade de me ver."
Vemos muito pouco além dos nossos próprios olhos, esquecemos que aproveitar a vida é senti-la como uma dádiva de Deus. Não cabe a mim julgar comportamentos atuais, porém muitos deles não condizem com a minha essência e princípios. Cada um vive e vê a vida da forma que precisa, condizente com o momento e com as experiências adquiridas, e tudo, absolutamente tudo, faz parte de um longo processo de aprendizagem.
Por isso mesmo que esta citação se adequa a mim, não me julgue ingênua por ser diferente, apenas pense que na minha existência o foco é outro, e meus pensamentos estão voltados basicamente para a introspecção, reflexão e valorização do que é envolto pela simplicidade e pureza.

Redoma

No centro, ao léu
Exibindo um troféu
De solidão.
Nada de doces tristezas
E fatídicas alegrias.
Dias sem luz,
Noite de escuridão.
Somente a alma e a mente vestem o manto da liberdade.
Padeça no esquecimento humano
Totalmente frágil e hostil,
Intocável e inabalável
Uma rocha firme e fria.
A sensatez de estar só
Por ser indiferente a multidão.
Sinta-se só.
Obrigada!

Diante do temor

Conhecer o pior dos medos se torna impossível quando não se sabe quais são os verdadeiros. Como agir perante algo que não se pode palpar e, muito menos conter? Ele vem e vai, muitas vezes rapidamente, e como a tempestade, destrói.
O medo limita, enfraquece, alerta. Não se vê, mas é possível senti-lo toda vez que alguém ou algo se aproxima, trazendo a incerteza, a dúvida. O sutil estranho que te apresenta o belo com uma das mãos, guardando na outra o punhal da dor.
Infelizes, ou felizes os que sentem medo, tanto do bem, quanto do mal, até estarem indefinidos e atravancados no mesmo coração hostil ou iludido.
Hostil por ser temeroso, iludido por confiar cegamente. Eis que surge um impasse, nunca resolvido, mas frequentemente encontrado. Qual caminho seguir quando o que buscamos não se trata de uma ciência exata e calculável? É sábio deixar a vida seguir seu curso, ninguém é totalmente dono de seu próprio destino.
Desta vez, finalizo com a terceira, das Quatro Verdades Nobres de antigos textos budistas:
"Em todas as ações, que eu examine minha mente
E assim que surjam desilusões
Ameaçando a mim e aos outros
Que eu as enfrente e evite com firmeza"

Amado...

Já não pode mais pescar e jogar cartas.
Não podia ver e nem ouvir como antes.
Mas a bondade e a paz em seu coração foi a mesma,
Do princípio ao fim. Por 90 anos.
E continuará no plano espiritual, que agora se encontra.
Já não o acompanho em seus trabalhos.
Não sinto sua mão aquecida na minha, desejando uma boa semana.
Mas o amor, este nunca o sentirei gélido,
Permanecerá nesta vida, nas outras e para a eternidade.
Assim como a saudade e as belas lembranças, em meu coração

Falso inócuo

Soberano em seu trono: o descaso.
Anônimos unidos por um adjetivo comum,
idolatrando seu rei e iludindo aos escravos.
O breu dos corações aflitos e descrentes
como um manto que cerca os ausentes
de dor, de vida, de paz.
No coração um feixe de luz ameaça surgir
e mais uma vez o soberano intervém,
a esperança corroída pela lápide de gelo.
Mais uma suposta verdade nas mãos do descaso
Implacável.
Quem se importa com as lágrimas?
Desde que estejam no rosto alheio, ninguém!

Cego de si

Não pense e nem julgue pela cabeça alheia, preze a personalidade que te faz único. A maior e pior cegueira é não ver a si próprio, ser guiado por caminhos obscuros à natural essência que nos faz ricos e grandes perante a um Ser Supremo. A grandiosidade da vida está na verdade, que só é encontrada quando existe sintonia entre o corpo e a alma.
Muito do todo gira em torno dos mesmos conceitos, parafraseados com mentiras que parecem extremamente pequenas para quem as diz, porém, ingenuamente grandes para aqueles que as ouvem.
Nem sempre uma pessoa, ou algo, vale a mudança. O que vale é aprender com os erros e estar certo de si e da conduta a seguir, muitas dúvidas surgem no caminho, mas elas também fazem crescer.
O poder que existe em cada um transcende os limites do entendimento, mas vive harmoniosamente o ser capaz de assumir sua atual condição neste mundo e a missão que tem nesta vida.

O revés da despedida

O olhar para trás após a despedida é definido como o ato que duplica a dor.
A cada segundo mais distante, e mais perto de onde sempre esteve.
Diz-se que o vazio não ocupa espaço... Hoje ele domina, flutua e pesa. Impera em um reino que ontem foi perfeito e agora se faz vazio, incerto.
Comum. Olhos nas costas alheias, marejados encobrindo a inconformação.
As despedidas, estas sempre existirão, o que muda é a forma e a intensidade.
Incomum. Não perceber que ocorreria, viver pensando que a presença seria contínua. Mas não...
São dias que mudam, noites que afastam, vento que leva, memória que recorda.
Há encontros e despedidas marcados para acontecer, sem atrasos nem antecipação. O que resta é esperar, aceitar, duvidar ou outro verbo qualquer que se adeque ao simples fato de sentir a falta de alguém.