O cristianismo prega que Eva comeu o fruto proibido, entregue a ela por uma serpente, e depois levou Adão a comer também. Essa visão contribuiu para que a mulher fosse vista como inferior por muito tempo, e isso tem mudado a passos lentos.
Em tempos remotos, as mulheres eram tidas como sagradas, tinham poder e eram respeitadas. Como fontes geradoras de vida e sacerdotisas eram muito próximas à Deusa, reverenciada como a Grande Mãe dos povos. Coincidência ou não, a serpente era um dos símbolos da Deusa.
Para sufocar de vez a sabedoria e o poder feminino, as igrejas difundiram a ideia de que, por “culpa” de Eva, todos padecemos fora do Paraíso. De maneira figurada, o verdadeiro conhecimento foi banido, para evitar qualquer tipo de ameaça à nova religião e ao patriarcado.
Porém, esse poder foi apenas oprimido e viveu por séculos como uma chama nos recônditos de todas as almas femininas. Curandeiras, xamãs, benzedeiras, parteiras, terapeutas, mães, avós, filhas... Como bruxas, fomos perseguidas, torturadas e mortas, sob a bandeira de um Deus, que, tenho certeza, jamais concordaria com a atrocidade de uma inquisição.
Mesmo assim, o poder do sagrado feminino se manteve vivo e ele tem chamado, cada vez mais, por todas as mulheres que, em grupo ou solitárias, o tem resgatado. Não como uma afronta a qualquer religião, mas como um grito de liberdade e de igualdade.
Comemos o fruto sim, o fruto do conhecimento, que não deve ser negado a ninguém, e hoje estamos aqui para que se faça justiça às nossas antepassadas, que viveram com medo, reprimidas e amarguradas, aceitando destinos que lhes eram impostos, unicamente por serem mulheres.
Atente aos sinais! Aqueles poderes antigos estão dentro de você, não sinta medo, eles não são proibidos, são a nossa força mais verdadeira, nosso paraíso particular. É esse poder que irá lavar a nossa alma de todas as injustiças, sinta-o dentro de você e permita que se expanda, que extravase, que preencha o mundo e o teu próprio Ser.