A verdadeira moralidade


Muito bem! A meu ver, atingimos o ápice da hipocrisia, se não, estamos quase lá! Analisem bem rapidamente o contexto da televisão brasileira. Analisaram? Pensaram nos realitys shows, programas humorísticos, novelas, filmes, séries e propagandas? Sim? Ótimo. Quanto do que é apresentado nesses aparenta ser desrespeitoso à sociedade e a família? Vários. Vários mesmo! Mas claro, vamos deixar para destilar todo o veneno em uma das propagandas mais tocantes que já vi na televisão. Vamos, mais uma vez, sufocar o amor e permitir que a falta de empatia fale mais alto. Vamos deixar que o mercado da cerveja ridicularize a mulher, vamos assentir que as novelas preguem a infidelidade e a violência, vamos deixar que a sátira siga livremente e vamos condenar sutis abraços. Vamos queimar na fogueira quem quer mostrar que todos têm os mesmos direitos, principalmente o de ser feliz. 

“Como fica a cabeça de uma criança vendo um comercial desses?”. “Não quero que meus filhos tenham esse tipo de influência”. Ah, francamente! Quem envenena a infância são os adultos, que, desde cedo, quando um menino e uma menina estão brincando juntos, começam a fazer insinuações. Uma prova de que a mente das crianças é muito mais aberta e compreensiva, vem da carta recente de uma garotinha de cinco anos ao presidente dos Estados Unidos: “Por favor, pare com a guerra no nosso mundo. Faça reuniões em vez disso. Por favor, faça um discurso dizendo que as pessoas podem casar com quem elas quiserem”. Pelo visto ela já tem uma opinião muito bem formada, nada vai influenciá-la facilmente. As crianças precisam que as coisas do mundo sejam explicadas e não escondidas, em uma família onde existe o diálogo há também a boa formação. Os primórdios da educação estão nos pais, na forma como estes abordam os assuntos e respondem às perguntas na medida em que surgem. Aquele que se dispõe a propagar comentários agressivos realmente sabe educar um filho? 

Estranho, um abraço comemorativo entre pessoas do mesmo sexo pode desestruturar a família, agora, certas cenas de novela ou propagandas de mulheres indo e vindo seminuas com uma garrafa de cerveja na mão são inofensivas. Por quê? Essas situações não condizem com falta de moral? Pense bem, qual é o verdadeiro problema da sociedade? Hipocrisia e falta de amor. Se não temos conosco as bases verdadeiras não adianta reclamar do mundo e de como ele tem se apresentado. São as nossas palavras, ideias, gestos, atitudes, qualidades e defeitos que fazem da sociedade o que ela é. Se não somos capazes de deixar que o outro siga sua vida em paz, como vamos almejar um fim para as guerras? 

"Amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei; nisto reconhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros". (João 13:34-35). Alguém percebeu alguma ressalva nessas palavras de Cristo? Por acaso Ele nos diz que devemos amar ou respeitar apenas aqueles de determinada raça, religião, sexo, cultura, etnia, classe social? É o amor que faz o Espírito se elevar, o preconceito é uma prova de estagnação. A senda se torna mais ou menos penosa de acordo com a importância que damos a verdadeira moral, as escolhas que fazemos e pelo respeito ao maior mandamento de Deus.

Existe o gostar e o não gostar. Existe a liberdade de expressão. Existe (e quase sempre é esquecido) o bom senso, que deve se fazer presente em qualquer situação, para qualquer pessoa. O que não existe é se utilizar desses direitos para discriminar, desrespeitar e oprimir a liberdade de escolha. Se o próprio Deus nos concedeu o livre-arbítrio, quem somos nós, meros humanos, para julgar. Cada um que se coloque em seu lugar e viva sua vida. Simples, não acham? Os abraços do comercial não despertaram minha ira, pelo contrário, eles insuflaram uma dose extra de amor ao meu coração.

“Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, fora blasfemar da sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas.” O Livro dos Espíritos (Allan Kardec)

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