' Um ser pó '


O medo da perda é inexplicavelmente assombrante e lutar contra ele parece ser absurdamente sufocante e ilógico. Cogitar a possibilidade de ficar distante de alguém que é tão próximo ao coração, faz nossa mente delirar, criar possibilidades, teses, falsas esperanças, ilusões.
São como fantasmas: a solidão e a saudade! De fato elas existem, mas não sabemos se verdadeiramente são parte do mundo real, ou apenas fantasias que brotam de nosso ser insano e dominado pela emoção.
O coração parece assumir vida própria, sendo capaz de comandar todas as nossas ações, pensamentos, respostas e sonhos. Nada foge da idéia fixa da solidão, da incapacidade de mudar o destino, do sentimento de fragilidade que assola a alma quando nos vemos como um nada, um simples pó, que a qualquer instante o vento levará para outro canto, um lugar totalmente desconhecido, surgindo então a necessidade de se readaptar, sobreviver as mudanças, resistir e compreender as novas emoções, até que o vento volte e leve tudo novamente...

Deusa Nix

De que são feitos os dias de chuva? É. parecem ser dias mais difíceis de serem vividos, um tanto melancólicos e sombrios. Acordar e não ver o sol, desperta uma saudade sem motivos, o olhar distante busca uma réstia de luz além do horizonte vazio e escuro.
Mas, é um belo dia! A neblina encobre sonhos, o entardecer vem sereno, as plantas dançam com o vento um ritmo pálido, uma canção quase inaudível ou um tanto tenebrosa, mas que toca o coração. A noite vem imponente. O céu não tem estrelas e a lua é encoberta pelas nuvens negras e ofuscantes.
A perfeição se encontra na escuridão, onde nada pode ser visto, mas tudo é imaginado.
O som das gotas de chuva que se desprendem das árvores, compõe uma canção de ninar melódica e encantadora, rompendo o silêncio lânguido e até então dominante. O vento continua a soprar, desordenando sem medo o manto de Nix, deusa da noite, que governa soberana em meio as trevas.
O mar torna-se ainda mais misterioso, onde suas ondas se confundem com as nuvens, num conjunto céu e água ameaçador e fonte de inspiração. Se algo tão belo como a praia torna-se sombrio em noites chuvosas, o que se pode dizer sobre o cenário de um abismo nessas mesmas condições?
As noites de chuva parecem ser mais difíceis de serem vividas, mas são elas que despertam nossos pensamentos, antes esquecidos em meio aos tantos planos para uma noite estrelada.

Razão do Coração

Somente o coração sabe a razão da saudade que invade a nossa mente e perturba nossos pensamentos.
É o coração que sabe a razão de amarmos alguém, por que mesmo que nosso cérebro tente buscar mil motivos para explicar, nunca essa explicação será tão completa e realmente verdadeira.
O coração que dispara com um simples olhar, um toque, um gesto, uma palavra... e só ele entende o porquê dessas reações, pois perante a mente, muitas vezes, isso é inexplicável.
As coisas feitas pelo coração não tem razão, mas as razões do coração são admiráveis e vivenciá-las nos permite amar sem restrições, viver o lado bom da vida, valorizar um abraço, um beijo, um sorriso, ver com os olhos da alma, além das aparências, das palavras. Pois o amor é pra ser vivido e não explicado, e quem mais entende sobre viver um amor é o coração e suas razões.

Razão e Emoção

Razão e Emoção. Por qual dos dois devemos deixar nos guiar? A razão é sensata, inteligente, observadora, lógica, racional e metódica. A emoção é explosiva, momentânea, linda, mágica, poética, sonhadora, complexa e insistente. É como escolher entre preto e branco ou colorido, ouvir a voz da mente ou do coração. Nem sempre é possível fazer o que é certo e sentir felicidade, por isso razão e emoção andam juntas, tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais em sua complexidade... Porém em algum momento elas entrarão em conflito ou então em equilíbrio. Somente esse equilíbrio é o que trará a paz interior, mas atingí-lo não é assim tão fácil. A diversidade de personalidades existentes faz com que alguns se deixem guiar mais pela razão, tendo muita cautela, não se deixando envolver demais em qualquer tipo de relacionamento, outros, porém são sempre levados pela emoção do momento, deixando o coração falar mais alto em várias situações. Há também quem mude sua forma de agir, quando vê que razão ou emoção não estão ajudando naquela etapa de sua vida. A forma de uma pessoa pensar é influenciada por suas experiências anteriores, não adianta negar, pois tudo que fere no passado, mesmo que seja esquecido, ainda vive como uma cicatriz no coração, algo que nem dói mais tanto como antes, mas que é cuidado para que não volte a nos fazer sofrer, são nossas próprias defesas com relação ao mundo, mas que devem ser limitadas até onde nos permita viver novas emoções e aprender mais uma vez com elas, deixando com que a razão acompanhe os fatos para que estes não percam seu rumo, e regando com emoção cada momento da vida, para que a magia não seja perdida.

Uma Lágrima

Se veres uma lágrima
Brotar de meus olhos...
Acredite!
Esta não é uma lágrima de alegria
Tampouco de vitória
Esta lágrima que, ao percorrer meu rosto
O divide em dois,
Me transforma e acelera meu coração,
Mas mesmo assim, não é uma lágrima de amor,
Muito menos de desafeto,
Esta lágrima
É como o rio, que entre as encostas
Chora sua dor...
Dor esta que vem da insegurança,
Da falta de paz e amor no mundo,
Infelicidade esta que não se resolve com
Uma lágrima...
Pois para isso são necessárias milhões delas!
A lágrima,
Que corre em meu rosto,
Dando a ele uma marca de tristeza,
É como o rio, que em busca do mar
Percorre o mundo solitário...
Em minha face, a lágrima também
Busca seu destino
Pretendendo descansar no mar da felicidade
E do amor eterno, que brilha
Em um lindo horizonte...
E no olhar de alguém especial...

O que foi feito do plano divino?

Deus não nos deu as mãos para que empunhemos armas. Não nos deu pés para que marchemos para a guerra. Deus não nos deu a boca para que profanemos seu nome em prol de causas que Ele não bendiz. Não nos deu olhos para que vejamos outros homens e a natureza como algo de onde só se possa tirar proveito. Deus não nos deu a inteligência para usarmos a favor do mal. Não nos deu um coração para que este fosse gélido e rancoroso. Deus nos deu as mãos para que unidas construíssemos nosso mundo. Ele nos deu pés para trilharmos caminhos que nos levem a alegria. Deus nos deu a boca para espalhar e ampliar a sabedoria divina. Nos deu olhos para enxergarmos a verdade da justiça e da paz. A inteligência foi dada para que nos vissemos como irmãos capazes de nos compreender e progredir juntos. E por fim Deus nos deu um coração para amar, perdoar e sentir. Um coração de sentimentos, ardoroso para tudo que há de belo. Pronto para acolher palavras e transmitir afeto. Aberto para a vida, colorido e perfumado como um jardim florido. Um coração mágico capaz de olhar para o céu e contemplar a beleza do sol, da lua, da chuva e agradecer todos os dias ao Criador por tudo que nos foi dado. Este é o ser humano de Deus, aquele capaz de superar seus medos e limitações, que diz sim a obra de amor, ao plano de paz, ao futuro de bem-aventuranças. O ser humano que vê seu semelhante além de sua face e seu corpo, além de seus bens e posses. Aquele que vê com os olhos do coração a alma que engrandece a carne e nos faz merecer um lugar na obra divina. Deus só nos deu a vida por acreditar que seriamos capazes de amá-la, preservá-la e respeitá-la, então é assim que faremos, pois só assim o mundo será completo.

Almas Gêmeas

Por que esperar pouco de um sentimento tão nobre como o amor. Sim! Algo tão magnífico deveria ser visto com a grandeza e a amplitude que lhe convém e não do contrário, como algo casual que vem e vai de acordo com as conveniências dos envolvidos. O amor por si só não sobrevive mesmo sendo o pai de todos os sentimentos. Ele tem como alicerce harmonia, respeito, justiça, amizade, perdão, carinho, fé, confiança, saudade e muitas vezes tristeza que deriva do medo, da mentira e da ilusão. Regar o amor com um toque de magia o deixa mais belo, mas o aproxima ainda mais do surreal. Ninguém quer viver um sentimento pela metade, mas a maioria não se dispõe a entregar-se por inteiro, a sentir a outra pessoa como parte de si, como algo que ausente petrifica o coração e presente, o faz disparar. A alma suplica por seus complementos, os sonhos são deixados para trás e o coração se parte em dois, buscando um dia reencontrar a parte perdida que ao nascer é afastada e a busca é eterna. O encontro acalma o espírito e transforma o sonho em realidade e o brilho nos olhos revela a pureza de um espelho que reflete mais um dos mistérios da vida: a busca constante pelo amor que não é um conto de fadas, mas sim o direito de uma alma que busca incansável o reencontro com seu porto seguro, com sua fonte de águas puras, com sua essência. Após tanto vagar por vales sombrios e frios é nos olhos de sua irmã gêmea que ela encontra a luz e o calor que necessita e o amor desperta de um sono profundo no qual esteve consciente mas mergulhado em lembranças. Sabemos, desde que nascemos o que buscamos, por isso pergunto: é tolerável nos permitir esperar pouco do amor e nos resignarmos a viver sem ele?