Filhos do Amor


Temos uma canção dentro de nós. Temos um ritmo. 
Uma melodia que seguimos de acordo com nosso compasso. 
Não conhecemos todos os corações, portanto, não sabemos como cada canção é tocada no outro. 
Conhecemos a nossa! O nosso ritmo, o nosso compasso... 
Há canções complexas e outras mais simples, porém, todas igualmente bonitas, pois vivem na parte mais íntima da Alma, no lugar do Ser onde não se esquece de Quem de fato somos: Filhos do Amor.
Em cada religião ou crença o Amor é personificado através de um Ser Supremo. 
Portanto, quando amamos, passamos a ouvir a canção do outro. 
E o Amor é um sentimento permanente no Ser, é um poder natural. 
Amar transcende as bases de qualquer compreensão. 
No início de tudo nos tornamos irmãos, unidos pelas notas musicais de nossos corações. 
Ninguém vive sem essa música. Ninguém vive sem o Amor. 
Mesmo que nos esqueçamos de ouvir a voz doce que vem da Alma, mesmo que insistamos em escutar apenas o que o exterior tem a nos dizer, basta concentrar-se em si que a canção se faz perceber, nos levando de volta ao Lar. 
Uma caixinha de música, assim é nosso coração. E dentro dele há uma bailarina que dança ao som da canção de cada um: nossa Alma, ela nunca para de ouvir as notas e de segui-las, o segredo é: acompanhá-la. Ela é o melhor guia, o mais sensato caminho, a iluminação. O pedacinho do Ser Supremo dentro de nós. 
A canção nasce conosco e nos acompanha em cada vida, em cada tempo e em cada dimensão. Ela nunca deixa de existir e se fortalece cada vez que retornamos ao nosso verdadeiro Lar. 
As notas são aperfeiçoadas até que a melodia pretendida pela Alma alcance seu ápice e pelos milênios ela poderá dançar e poderemos ouvir e permanecer em paz. 
Ouvir os sons da Alma. A canção de cada um. 
O Ser Supremo tem uma vastidão de melodias, Ele conhece cada uma. 
É por isso que amar nos liga ao outro, pois, no contato com o Amor, sentimos esse Ser que olha por nós, sentimos Sua essência, ouvimos a canção.

Liberdade de opressão?


No dia 7 de janeiro de 2015, a sede do semanário Charlie Hebdo, em Paris, sofreu um atentado que deixou vários mortos, a questão é: quem são os culpados? Não vou me ater aos suspeitos e muito menos tentar justificar o ocorrido, pois nada justifica um ato brutal como esse, independente de qualquer crença, o que vem em primeiro lugar é o respeito à vida, porém, até que ponto a liberdade de expressão pode ser utilizada para mascarar a opressão e a própria falta de respeito à vida? Mais uma vez, não defendo extremistas, até porque acredito que eles se utilizam da falsa moral para espalhar o terror e também oprimir, o ponto principal nesta situação é a reavaliação de conceitos e atitudes. 
Deixemos a França de lado e voltemos nossos olhos para o Brasil, sátiras têm limites por aqui? Não. E não digo que deva haver leis que proíbam isso ou aquilo de ser dito, mas que, pelo menos, o bom senso deve existir, sem falar no respeito. Quem escreve, fala para as grandes massas, é figura pública ou apenas aquele que conversa em uma roda de amigos precisa saber que as palavras têm poder e que podem estar incitando à violência. Quem não sabe que a sociedade é um barril de pólvora de pavio curtíssimo? Para que acelerar a sua queima com atitudes desnecessárias? Não digo que, se o humor negro sumir, as coisas melhorem, pelo contrário, vão surgir outros motivos para as pessoas se matarem, espancarem ou humilharem, porém, há situações que ferem a alma e que poderiam, muito bem, serem evitadas. Por que não propagar mensagens que permitam ao mundo ver pelos ângulos mais bonitos? Nesse ponto, você leitor vai pensar: mas é bom descontrair, rir um pouco e sair do sério e eu pergunto: é bom rir da “cara” dos outros? E agora refaça para si mesmo essa pergunta e substitua “cara” por: crença, sexo, religião, raça, cor, escolha, profissão, condição, cultura... 
Rir é ótimo, fazer piada de situações cotidianas, que não ofenda diretamente alguém, descontrai e pode fazer bem, mas, como em tudo, há limites, que são brutalmente ultrapassados hoje em dia, sem levar em consideração o sentimento do outro. Estão errados os extremistas, o semanário, os humoristas, o cidadão que chama o outro de “gay” em altos brados na rua, o homem que faz gracinha com a mulher que está passando, a criança que implica com o colega chamando-o de “gordo” e mais errado está aquele que acha que tudo isso é apenas liberdade de expressão.