Liberdade de opressão?


No dia 7 de janeiro de 2015, a sede do semanário Charlie Hebdo, em Paris, sofreu um atentado que deixou vários mortos, a questão é: quem são os culpados? Não vou me ater aos suspeitos e muito menos tentar justificar o ocorrido, pois nada justifica um ato brutal como esse, independente de qualquer crença, o que vem em primeiro lugar é o respeito à vida, porém, até que ponto a liberdade de expressão pode ser utilizada para mascarar a opressão e a própria falta de respeito à vida? Mais uma vez, não defendo extremistas, até porque acredito que eles se utilizam da falsa moral para espalhar o terror e também oprimir, o ponto principal nesta situação é a reavaliação de conceitos e atitudes. 
Deixemos a França de lado e voltemos nossos olhos para o Brasil, sátiras têm limites por aqui? Não. E não digo que deva haver leis que proíbam isso ou aquilo de ser dito, mas que, pelo menos, o bom senso deve existir, sem falar no respeito. Quem escreve, fala para as grandes massas, é figura pública ou apenas aquele que conversa em uma roda de amigos precisa saber que as palavras têm poder e que podem estar incitando à violência. Quem não sabe que a sociedade é um barril de pólvora de pavio curtíssimo? Para que acelerar a sua queima com atitudes desnecessárias? Não digo que, se o humor negro sumir, as coisas melhorem, pelo contrário, vão surgir outros motivos para as pessoas se matarem, espancarem ou humilharem, porém, há situações que ferem a alma e que poderiam, muito bem, serem evitadas. Por que não propagar mensagens que permitam ao mundo ver pelos ângulos mais bonitos? Nesse ponto, você leitor vai pensar: mas é bom descontrair, rir um pouco e sair do sério e eu pergunto: é bom rir da “cara” dos outros? E agora refaça para si mesmo essa pergunta e substitua “cara” por: crença, sexo, religião, raça, cor, escolha, profissão, condição, cultura... 
Rir é ótimo, fazer piada de situações cotidianas, que não ofenda diretamente alguém, descontrai e pode fazer bem, mas, como em tudo, há limites, que são brutalmente ultrapassados hoje em dia, sem levar em consideração o sentimento do outro. Estão errados os extremistas, o semanário, os humoristas, o cidadão que chama o outro de “gay” em altos brados na rua, o homem que faz gracinha com a mulher que está passando, a criança que implica com o colega chamando-o de “gordo” e mais errado está aquele que acha que tudo isso é apenas liberdade de expressão.

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