Guerra velada

Por que desviamos as poças de água que se formam nas calçadas? Por que não podemos simplesmente seguir o caminho na mesma direção independente da água? Temos um medo velado da natureza, sabemos da sua força e de como somos minúsculos perto dela. Até o mais forte dos fortes desvia uma poça de água, alegando não querer molhar-se ou sujar os sapatos, mas desde quando isso é um problema? Não é problema, é fraqueza. Você já parou para pensar o quanto somos vulneráveis ao se tratar dos elementos naturais? E não digo grandes catástrofes como: tornados, tempestades, erupções vulcânicas ou terremotos, essas são comprovadamente aterradoras. Refiro-me as pequenas batalhas que travamos todos os dias com a natureza: a chuva que nos molha mesmo quando desviamos as poças, a poeira que entra em nossos lares mesmo com toda a estrutura que existe em uma casa para evitar que isso aconteça, e assim também acontece com a água, que sempre dá um jeito de dizer: “não pense que será fácil me deter”, pois ela sempre consegue um cantinho para infiltrar. 
A natureza, mesmo nos pequenos detalhes nos deixa claro que quem manda neste mundo é Ela. Quando vejo nos noticiários aquelas tempestades arrasando tudo sinto medo, mas também alívio. Pode parecer estranho, mas o fato de o homem não poder controlar a natureza me conforta, já imaginou se o soberano do universo fosse o ser humano? Creio que os problemas seriam ainda mais graves, pois a natureza apenas reage diante do que é feito com o planeta. Sinto pelas vidas que se perdem e por tudo o que é destruído, porém sei que, até hoje, só se consegue colher da semente que se planta, nada além disso. 
Travamos nossas pequenas batalhas no dia-a-dia com a natureza, mas também somos acolhidos por ela de forma carinhosa. Sei que se a tratarmos bem ela fará o mesmo conosco. Ainda sonho com o dia em que viveremos em paz: homem e natureza, sem tempestades, poluição, tornados, desmatamento e mortes em ambos os lados. É muito injusto viver em guerra, e, pelo menos por enquanto, é o que parece. Não sabemos zelar pelo nosso lar, por isso vivemos desrespeitando as regras, e ele precisa se proteger e também a nós, garantindo que a vida continue, pois, pode não parecer, mas mesmo causando certos desastres a natureza quer apenas nos proteger de nós mesmos. 
Não sou adepta ao estilo sertanejo, muito menos às músicas que se ouve atualmente, mas, Chitãozinho e Xororó ainda mantêm as raízes da música de verdade e dizem muito nessa letra: 
“A vida e a natureza sempre à mercê da poluição 
Se invertem as estações do ano 
Faz calor no inverno e frio no verão 
Os peixes morrendo nos rios 
Estão se extinguindo espécies animais
E tudo que se planta, colhe 
O tempo retribui o mal que a gente faz”

Nenhum comentário

Postar um comentário